Por: Philipe Piaia, produtor do Hidromel Philip Mead

    O dicionário define: mel é substância viscosa e açucarada formada pelo néctar que as abelhas extraem das flores. Mas o intuito deste artigo é ir um pouquinho além, explicando desde a estrutura de trabalho das abelhas até como essa transformação ocorre.

As abelhas

    Seria injusto falar de mel sem antes falar um pouco sobre as abelhas. As abelhas são os únicos insetos capazes de produzir uma substância que pode ser consumida pelos humanos. São "insetos sociais", que possuem uma divisão de trabalho bem definida em sua comunidade. Uma colônia possui uma Rainha, de 500 a 1.000 Zangões e cerca de 30.000 a 60.000 Operárias. A matriarca da colônia é a Rainha. Nutrida por uma dieta especial de Geleia Real, é a única fêmea sexualmente desenvolvida da colmeia. 

    Os Zangões são abelhas-macho, com um aspecto robusto e intimidador. Por mais incrível que pareça, não possuem ferrão e seu único propósito na colmeia é acasalar com a Rainha. Seu ciclo fértil dura em torno de 2 anos e em um único dia a Rainha pode colocar até 3.000 ovos!!

   As Operárias são abelhas fêmeas que não desenvolveram sua sexualidade. São responsáveis por todo o trabalho da colônia: limpam o berçário, cuidam e alimentam as larvas, coletam o néctar, produzem os favos de cera, protegem a colmeia e mantém suas asas em movimento para ventilá-la.

Para fazer um quilo de mel, as abelhas operárias precisam coletar o néctar de milhões de flores!

 

O mel

   Já sabemos que o mel é produzido através da coleta do néctar das flores. Mas afinal, como isso ocorre?

   O néctar - um líquido açucarado - é extraído das flores usando a língua comprida e em forma de tubo de uma abelha. Este líquido é armazenado em seu estômago extra (literalmente um reservatório de néctar), onde se mistura com enzimas que transformam sua composição química e pH, tornando-o mais adequado para armazenamento a longo prazo. Quando a abelha retorna à colmeia, ela passa o néctar para outra abelha regurgitando-o. Esse processo de regurgitação é repetido até que o néctar parcialmente digerido seja finalmente depositado em um favo de mel. 

   Uma vez no favo, o néctar ainda é um líquido viscoso - nada como o mel grosso que você conhece. Para extrair toda aquela água extra de seu mel, as abelhas começaram a trabalhar abanando o favo de mel com suas asas, em um esforço para acelerar o processo de evaporação.

   Quando a maior parte da água se evapora do favo de mel, a abelha veda o favo com uma secreção produzida pelo seu abdômen, que acaba por endurecer em cera de abelha. Longe do ar e da água, o mel pode ser armazenado indefinidamente, fornecendo às abelhas a fonte perfeita de alimento para os meses frios do inverno.

Qual o prazo de validade do Mel?

   Se armazenado em recipientes fechados, ao abrigo de luz e calor, podem permanecer estável por décadas, séculos e até milênios! (Clique aqui e veja a notícia onde foram encontrados potes de mel ainda comestível, datados de 3.000 anos atrás). Contudo, o mel é suscetível a mudanças físico-químicas durante o armazenamento, que tende a escurecer e perder seu aroma e sabor. Isto faz com que a vida útil do mel seja difícil definir. Por isso, a legislação brasileira estabelece que o mel deve ser consumido no máximo em dois anos.

O mel cristalizou. Ele estragou?

   Se ele foi armazenado corretamente, a cristalização não significa que ele estragou. Inclusive, é um fenômeno muito comum de acontecer. A cristalização do mel se deve à enorme quantidade de glicose, que acabam virando cristais. A taxa em que a cristalização ocorre depende da origem do mel e os métodos pelo qual foi processado e manipulado. Cristalização pode ser revertida aquecendo o mel a 40°C,  "derretendo" os cristais (é importante não ultrapassar a temperatura de 40°C para não degradar e alterar as propriedades do mel).

A composição do mel

   O mel é uma fonte de carboidratos - principalmente frutose (cerca de 38,5%) e glucose (cerca de 31,0%). Os carboidratos restantes incluem maltose, sacarose e outros carboidratos complexos. Na média, possui 17,1% de água. Além disso, o mel contém uma grande variedade de vitaminas e minerais:

  • vitamina B6 
  • vitamina C
  • tiamina 
  • niacina 
  • riboflavina 
  • ácido pantotênico
  • cálcio 
  • cobre
  • ferro
  • magnésio
  • manganês
  • fósforo
  • potássio
  • sódio
  • zinco
  • bem como vários aminoácidos diferentes

 

O Mel e o Hidromel: a valorização da complexidade

   Sabendo que o mel é um insumo extremamente complexo e delicado, nós, da Philip Mead, nos dedicamos ao máximo para valorizá-lo e entregar aos nossos clientes uma experiência única e agradável. Fazemos questão de utilizar mel de verdade, sem a mistura de essências ou de extratos artificiais, pois isso depreciaria um insumo tão rico. 

   O Hidromel é um fermentado de mel, ou seja, é uma bebida que resulta da fermentação do mel em contato com leveduras específicas. O álcool presente no Hidromel é resultado da fermentação, que transforma a glicose do mel em álcool. O Hidromel também é conhecido como "Vinho de mel", por possuir um processo produitvo bastante semelhante ao dos vinhos feitos de uvas. É por isso que o sabor e o aroma do Hidromel é bastante complexo, já que o mel carrega consigo uma infinidade de combinações de diferentes néctares. 

   A receita do Hidromel Philip Mead leva um blend de méis de diferentes floradas (silvestre e laranjeira) deixando-o ainda mais complexo, além de equilibrar o sabor. A combinação da lenta fermentação (utilizando leveduras de excelente qualidade) com os muitos meses de maturação resultam em um sabor intenso e marcante - permanecendo na boca por vários segundos após engolir - além da discreta presença do álcool. Possui dulçor equilibrado (sem ser enjoativo) e o retrogosto é altamente agradável, sendo possível beber a garrafa de uma só vez.

Quer saber mais sobre Hidromel? Clique aqui e veja a seleção de artigos que escrevemos para que você possa conhecer um pouco mais sobre esta bebida milenar.

 

Fontes:

The History of Honey - National Honey Board Article

Shelf Life and Stability of Honey - National Honey Board Article

https://www.livescience.com/37611-what-is-honey-honeybees.html

https://www.nationalgeographic.com.au/history/honey-in-the-pyramids.aspx